quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Capitulo 4



Senti uma luz a bater na minha cara. Era algo forte e que me estava a fazer arder os meus olhos ainda fechados. Consegui também notar uma pequena brisa junto de mim e percebi que alguém estava por perto. Uma mistura de vozes assombrava a minha cabeça que ainda persistia em dormir mais um bocado. Sentia-me extremamente cansada. 

- Isabel? – alguém gritou aos meus ouvidos – despacha-te! Estamos atrasadas para as aulas! – consegui distinguir a voz da Adriana a assolar ali bem perto. Tentei abrir os olhos e deparei-me com uma brusquidão enorme ao me aperceber que a luz estava acesa. Ergui um pouco a cabeça e reparei que estava a dormir num quarto que não era meu. 

- que horas são? – acabei por perguntar a Adriana que mais uma vez tinha parado no quarto. Agora estava a calçar as suas sapatilhas.

- faltam dez minutos para as nove! Temos aula daqui a meia hora e um autocarro para apanhar!

- hei, calma. Tenho o meu carro…

- mas despacha-te! É aula de patologia e não podemos levar falta! – acabei por me levantar e reparei que não tinha uma muda de roupa. Acabei por passar a noite aqui, visto que já estava tarde para regressar à quinta. E, por falar em quinta, reparei que nem os meus avós eu avisado, que não dormiria em casa. 

- Adriana, posso vestir uma roupa tua?

- estás à vontade! Menos o meu vestido azul!

- por alma de quem é que usaria um vestido? – perguntei para mim mesma. Abri a porta do armário e em segundos, já tinha a roupa escolhida. Tentei dar um ar composto ao meu cabelo e mesmo à minha cara que estava particularmente horrível. 

- não levas nada para comer pelo caminho? – perguntava-me Adriana ao ver que não levava nada para tomar o pequeno-almoço.

- não tenho fome! Depois como qualquer coisa… - saímos de casa a correr, entrando no carro e a acelerar para chegarmos à faculdade a tempo de não chegarmos atrasadas. Acabamos por ter uma pontinha de sorte ao apercebermos que a professora estava atrasada, deu tempo para pegar num café e bebe-lo à pressa antes de a aula começar.

***


- quer massa ou arroz com carne? – estávamos na cantina. Era a hora do almoço e naquele momento toda aquela sala estava repleta de alunos que pareciam esfomeados depois de horas enfiadas dentro de uma sala de aula. Uns tentavam, à socapa, meterem-se no meio da fila ou outros desistiam ao se aperceber do tamanho que estava tinha. Por sorte, tínhamos saído mais cedo da aula e conseguido um bom lugar.

- massa por favor – depois de pegar no meu prato, tanto eu como Adriana encaminhamo-nos para a mesa. Ela sentara-se na minha frente e começamos a comer. Só de sentir aquela massa a assentar no meu estomago, senti de imediato uma colora a invadir-me.

- o que foi Bela?

- ainda mal comi e já senti a massa a deixar-me maldisposta.

- também, queres o quê? Não tomaste o pequeno-almoço e só tinhas um café no estômago! Normal que fiques maldisposta.

- tu sabes que como pouco de manhã – naquele instante ergui o meu olhar e, sem saber como, foi parar na presença de alguém que acabara de chegar. O meu olhar prendeu-se sobre o dele, olhando-o com repulsa. Ainda me lembrava bastante da noite passada. O jogo, as suas insinuações, a presunção, arrogância, o risco no meu carro. A minha ira a ser descarregada nele. Apercebi-me que acabou por dar meia volta e sair dali novamente. Dei graças por isso mesmo.

- não achas que exageraste um pouco, ontem? – perguntava Adriana ao se aperceber que o meu olhar incidia sobre o dele.

- exagerar em quê?

- oh Bela…confessa que foste um bocado má. Tudo bem que ele provocou mas não merecia ouvir aquelas tuas ultimas palavras!

- não me arrependo de ter dito nada e se fosse preciso, voltava a repetir! E sabes que mais? Preciso de um favor teu.

- meu?

- sim, teu! Já vi que agora andas muito amiga do Eduardo. 

- sim, o Eduardo…que têm?

- o que tem é que ele é um dos amigos de infância daquele encosto e preciso de um favor dele e tu, como grande amiga que és, vais fazer o que te vou pedir! – ela olhara-me de um jeito um pouco amedrontado.

- depende do que tu queres fazer!

- não é nada de especial! Apenas quero que tentes saber a morada do amiguinho dele.

- para quê?!

- oh Adriana deixa-te de perguntas. Fazes-me esse favor? 

- porque haveria de fazer? Se queres saber a morada dele, pergunta-lhe. É que até tenho medo de saber para que raio queres saber disso.

- eu não o vou assaltar e muito menos viola-lo. 

- muito mais descansada!

- anda lá, fazes-me esse favor? Confia em mim.

- vou ver o que posso saber. Mas não prometo nada!

- gracias guapa. Te quiero!

- oh sí, todos os dias! – gracejou. Acabamos de almoçar seguindo para mais uma aula. Hoje só sairia das aulas por volta das sete da tarde. Enfim, mais uma tarde bem enfadonha…



***

Depois de o Juan me abrir o portão estacionei o carro na garagem. Já estava noite escura e reparei nas luzes da cozinha ligadas. Conseguia ver a Pilar de volta do fogao a preparar o jantar. Acabei mesmo por entrar pela porta da cozinha e assisti ao pequeno grito que ela dará ao me ver ali.

- buenas noches Pilar! 

- menina Isabel, que susto! 

- não esperava a minha chegada?

- não reparei no seu carro a chegar.

- os meus avós?

- Estão na sala de jantar com os seus tios. Estão preocupados por não ter aparecido a casa para dormir.

- oh…não se preocupe com isso. Eles acalmam logo! – acabei por dar um beijo no rosto de Pilar e segui até à sala. Assim que o som dos meus sapatos de fizeram ouvir sobre a soada antiga daquela sala, os olhares deles pregaram-se em mim. Depressa senti os braços da pequena Alba a rodarem a minha cintura.

- Bela! Que bom, estás aqui!!

- pois estou mi piqeña! 

- Isabel, até que enfim que chegaste querida! – disse a minha avó. Sempre preocupada comigo.

- como vê avó, aqui estou. Acabei por dormir no apartamento dos meus amigos…já estava tarde para seguir caminho até aqui. 

- podias ter ligado para nos avisar.

- voçes já estavam a dormir e não queria acordar-vos!

- para a próxima vez avisas na mesma, nem que seja para deixar recado…

- sim, avó não se preocupe… - olhei em meu redor e reparei na falta de alguém – onde está o avô?

- foi até à cidade com o Leonel fazer as compras para os jardins.

- vale! Vou tomar um banho, desço já… - subi as escadas e fui para o meu quarto. Apressei-me a tirar as botas que já me fazia doer os meus dedos, escolhi uma roupa e tomei banho. Aproveitei que ainda não estava o jantar pronto para ligar para Portugal e tentar falar com os meus pais. Fiquei meia hora ao telefone e ainda tive de aturar as crises da adolescência da minha irmã. Conseguia senti-los tão diferentes ao telefone. Seria possível que em dias eles pudessem mudar? Ou era as saudades a falarem mais alto? Apesar da minha relação difícil com a minha mãe ou mesmo ter uma irmã teenager, eu adorava-os e sentia imensa falta. Não só deles como dos colegas que deixei para trás. 

- menina Isabel…posso? – ouvi a voz da Paula, uma das empregadas, a fazer-se ouvir por entre a porta. Assim que a vi, sorri-lhe.

- claro Paula, entre! – não demorou mais do que escassos segundos para a ter dentro do meu quarto.

- o jantar já está pronto…os seus avós mandaram-me chama-la.

-claro, eu já vou! – assim que acabei de calçar as minhas sapatilhas, acabei por descer e sentar-me à mesa. Como o habitual em todas as noites, tínhamos a companhia dos meus tios e primos. A casa estava sempre cheia. Connosco vivia a minha tia Lorena e o tio Santiago, os primos Francisco, Enrique, a Marisol e a Alicia. Só o meu pai que estava em Portugal e a minha tia Catarina em Madrid, é que não estavam presentes. Os meus avós sempre tentaram nos incutir a importância da família estar junta e por isso, fizeram questão que sempre vivêssemos cá mas, apesar disso, adoravam viver também na casa deles, naquele refugio onde passavam boa parte do tempo. Apesar de ter crescido a ouvir que a minha família era unida, sabia bem que nem sempre era assim. Todas as famílias têm os seus elos fracos e esta não era excepção. 

- E o que estás a achar desta universidade? – perguntava-me a minha tia Lorena. Acho que de todos, ela era a que mais me entendia a par dos meus avós. Era uma mulher cheia de ganas, por vezes um pouco loca apesar de garantir que já amadurecera um pouco. Sem falar que tivera o meu primo Francisco com a minha idade e o pai dele a abandonara. 

- boa…tem boas instalações, a turma é simpática, não me posso queixar.

- tirando a parte que já estás de castigo e nem há uma semana estás cá! – concluía, com um pouco de tom de censura, a Marisol. Olhei-a de soslaio. Era minha prima mas conseguia levar-me aos arames. Era mais velha do que eu dois anos, a estudar medicina e já se achava dona de si. Sei que no fundo, ela sente ciúmes por os meus avós serem mais apegados a mim, que sou adoptada, do que a ela, que é neta de sangue. 

- isso não se voltará a repetir, não é Isabel? – o meu avô acabava sempre por me apaziguar. Aquele olhar sábio, doce, quente…deixava-me tão confortante.

- mas afinal o que se passou?

- a Bela atirou com café quente a um rapaz lá da faculdade, ao Javi!

- como é que tu sabes disso? – perguntei admirada. Enrique ainda tinha quinze anos e nem andava na faculdade. Nem queria imaginar como soubera disso. 

- Bela, isso já é novidade do mês! Já para não falar que o acontecimento do século foi a partida de bilhar que ganhastes ontem ao Javi!

- tu agora andas a par de tudo o que faço?! – perguntei incrédula – e como é que tu o conheces?

- Os rapazes do decimo segundo ano, são todos amigos do Javi porque moram no mesmo bairro que ele e hoje não se falava de outra coisa! E eles falavam bem de ti, da rapariga nova da universidade! – dizia com uma tranquilidade que acabava por me deixar incrédula. 

- quem é esse rapaz, o Javi? – acabou por perguntar a minha avó.

- E um otário que anda lá na universidade! É o maior presunçoso que conheço, já para não falar na falta de caracter que tem…

- o Javi é uma boa pessoa! – defendeu Marisol num tom juncoso que acabou por me assustar. Olhei-a e reparei no seu olhar intrigante, podia até dizer que se fosse preciso saltava-me ao pescoço – não fales dele assim!

- eu estou a dizer aquilo que eu sei que ele é! Bastou-me três dias para conhecer a peça que ele é!

- tu não o conheces por isso é bom que não fales do Javi nesse tom!

- perdón se te magoei com as minhas ofensas! – ironizei – já deu para entender que temos aqui uma defensora dele e que por sinal, ficou bem ofendida!

- hei, meninas, já chega! – tentou o meu avô, apaziguar os ânimos entre mim e a Marisol – estamos à mesa e não se discute.

- desculpa avô… - voltamos a retomar o jantar mas não me livrei de levar com os olhares insuportáveis da minha prima. Ela, era uma das razoes que me fazia sentir à parte daquela família. Sempre que pode, relembra-me que sou adoptada. Que não sou do mesmo sangue que eles. O que é que ela ganha com isso? Irritar-me? Colocar-me fora de mim? Querer dar-lhe um estado? Joder, que presunçosa! Agora sim, achava-a ideal para aquele encosto. Não me admira que o defenda…acabam os dois por serem iguais. 


***

Hoje era sábado. Podia ser um dia para dormir até mais tarde, descansar ou até passear pela cidade, se não fosse a minha obrigação em cumprir o primeiro dia de três meses, de serviço comunitário. Tinha acabado de chegar à instituição, hoje seria apenas para apresentar-nos a casa e dar a conhecer o seu trabalho. Estava marcado para as nove horas da manhã e, assim que cheguei à recepção, notei que era a primeira a chegar. Acabei por me sentar à espera que alguém aparecesse e em questão de três minutos, uma senhora, que aparentava ter os seus quarenta anos, aparecera ali. 

- buenos dias…é a Isabel García? – perguntou ao deparar com a minha presença.

- sim, sou eu! 

- olá Isabel, eu sou a directora desta instituição, chamo-me Carla e é um prazer ter-te aqui para fazer voluntariado. Tinha a informação que vinha contigo outro colega, ainda não chegou?

- ah…não sei eu não combinei com ele, não sei se está atrasado ou não…

- hum, vale. Vamos esperar mais um bocadinho para a chegada dele para depois vos apresentar a casa! Aceita um café?

- sim, aceito – acabamos por nos encaminhar até ao bar e ficamos a conversar um pouco sobre as causas em que aquela instituição estava aficionada. Percebi que já tinha bastantes anos e que era muito conhecida, já para não falar nas causas nobres que já se associou, nomeadamente bailes, festas, feiras, tudo para puder angariar fundos de modo a que as ajudas chegassem a mais gente.

- bem, estou a ver que o teu colega não chega…se calhar é melhor começarmos nós porque também não me posso atrasar!

- sim, sem problema nenhum! – A visita à casa durou cerca de hora e meia. Não tinha a noção do quão grande aquilo era, de facto, só quem estava ali é que poderia ter a percepção da grandeza desta instituição. Saí dali e já era a hora do almoço. Fui até casa, passei uma boa parte com a minha família, acabei mesmo por ajudar a minha avó no seu roseiral e perdi a noção das horas, só mesmo quando recebi uma chamada da Adriana é que me apercebera que estava atrasada.

- sempre a mesma atrasada! – constatou Adriana assim que cheguei a casa deles.

- desculpem, eu na casa dos meus avós perco a noção das horas!

- já deu para reparar que sim…anda, preciso da tua ajuda para acabar o jantar!

- boa noite rapazes! – desejei ao passar até à sala, onde eles estavam vidrados na playsation. 

- Olá Bela! – acabei por me juntar à Adriana e pouco tempo acabamos por jantar. Conversávamos sobre tudo e sobre nada mas o tema que reinava, era sem duvida, os nossos planos para a semana seguinte. Tive de lhes dizer que à noite seria mais complicado pois teria de estar na instituição.

- eu gostava de ir a Barcelona…e pelo que vi não é assim tão longe daqui! 

- Barcelona é muito giro, eu adoro aquela cidade! – argumentei – podíamos passar um fim de semana, tínhamos mais tempo para conhecer a cidade e tudo…

- isso era uma boa ideia!

- para quando é que marcamos? – perguntava o Renato 

- podia ser num fim-de-semana em que o Real Madrid jogasse no campo Mou, era lindo ver um clássico!

- pelo que ouvi do meu avô, no outro dia, o clássico calhava no primeiro fim-de-semana de Novembro.

- fica para essa altura?

- sim, fica! 

- ok, eu vou tratar de arranjar os bilhetes e saber um bom sitio para passarmos a noite – disponibilizei a ajuda em tratar disso já prevendo que o meu avô conseguisse arranjar bilhetes para todos nós e já conhecia muito bem Barcelona. O resto da noite foi passada entre conversas animadas, brincadeiras, aproveitamos para disfrutar de umas boas partidas playstation havendo também tempo para vermos um filme desfrutando das pipocas caseiras. E, mais uma vez, acabei por pernoitar ali mas sem antes me esquecer de avisar os meus avós. 

***

Aquela semana tinha passado muito rápido. Hoje já era novamente segunda-feira e mais um dia de aulas e sem me esquecer do voluntariado. Isto significava que chegaria a casa tarde e a parte da manhã do dia seguinte seria para dormir um pouco.

- aqui tens! – assim que senti a presença da Adriana perto de mim, acabei por tirar as atenções sobre a matéria centrando-me na sua figura – esta é a morada dos pais dele…que por acaso são vizinhos do Eduardo. 

- hum…muchas gracias! – rejubilei enquanto pegava no papel guardando-o no meio dos livros.

- olha lá o que é que tu pretendes fazer com isso?

- mas tu não confias em mim? Já disse que não vou assaltar a casa a meio da noite e nem tão pouco o vou violar! – senti a Adriana a desfazer-se em gargalhadas.

- olha que era algo tentador…

- tentador?

- sim. Violares o Javi! Ele até bem jeitoso, tem ar de machão, ar de quem tem pujança… - eu olhava-a incrédula – o que foi? Vais dizer que nunca reparaste nisso.

- não! 

- oh sim Bela! Conta-me histórias…

- mas tu achas que perderia o meu tempo a reparar na beleza dele?! Joder, que asco…

- vocês até faziam um belo par! Sois os dois impulsivos e tiveram um primeiro encontro bem escaldante! 

- mas tu quando acordaste bateste com a cabeça na cama foi?! – gritei-lhe – cala-te Adriana!

- ok, ok….já parei! 

- lá por estares muito amiguinha do Eduardo não quer dizer que tenha de seguir as tuas pisadas e ser amiga daquele encosto. Só de imaginar isso já sinto repulsa!

- oh não sejas assim…o Eduardo é um rapaz muito simpático, querido, bem mais calmo que o Javi…

- afinal de que curso é o Eduardo?

- Direito!

- ah…pensei que também fosse do mesmo curso que aquela escumalha toda.

- hei, não fales assim dele! – imperou – tudo bem que não gostes do Javi mas o Eduardo não é o Javi sim? Pára de achares que todos os amigos dele são violentos! E se queres que seja sincera, estás a ser tremendamente injusta com ele. Já estive com o Javi e não parece ser nem metade daquilo que tu o pintas!

- claro! – alterei o meu tom de voz – a culpa é toda minha! Eu é que provoco, eu é que sou louca e atiro-lhe com café porque me apetece, porque se calhar eu é que ando a riscar os carros das outras pessoas e tudo! Joder Adriana, estás a ficar apaixonada por ele e depois não digas que não te avisei! – dito isto acabo por pegar nas minhas coisas saindo do refeitório. Aquela conversa tinha-me deixado tremendamente maldisposta, odiava discutir com a Adriana mas por vezes tornava-se demasiado ingénua e apaixonada. Para ela tudo era perfeito. Acabei mesmo por regressar à sala de aula e ficar ali até ao toque de entrada. Sentia a Adriana a sentar-se do meu lado mas preferi não tocar uma única palavra até ao final da aula.

***

Parei o meu carro assim que cheguei ao local da morada que me haviam dado. Ficava num sitio pouco iluminado e percebi que era ali o mecânico pelos carros desmontados que tinham na entrada. Estacionei bem na frente, sai do carro e apressei-me a entrar. Encontrei um senhor moreno, com um fato cinzento, um lenço na cabeça e que cantava um pouco desajeitadamente ao som dos pink floyd. Pigarrei um pouco a minha garganta e só quando bati com um pouco de força sobre o capô de um dos carros é que a minha presença foi notada. Ele olhara-me atentamente.

- precisa de alguma coisa? – perguntou

- desculpe? – de facto não o conseguia ouvir visto que a musica estava um pouco alta – não o consigo ouvir! – gritei. Segundos depois, ele apercebera-se que não o estava a entender devido ao som alto da musica. Apressou-se a desliga-la para voltar a olhar para mim.

- desculpe, sabe como é, com um trabalho destes só com a musica nas alturas! – tentou gracejar – mas veio aqui porquê?

- quero arranjar o meu carro, aquele que está ali – respondi apontando para ele 

- qual é o problema? – perguntou enquanto se encaminhava para junto do carro.

- tenho este arranha na parte traseira! 

- hum…isso ainda dá um pouco de trabalho…terei de lixar para que não se note as arranhuras, tirar a tinta, colocar novamente uma nova tinta, sem falar no brilho final…não vai ficar muito barato.

- quanto?

- ui, isso? Entre os 200 e 300 euros…

- vale, não importa o preço. Quero é que arranje e que fique direito! Ah e se fosse possível o mais rápido que pudesse. Eu preciso do carro…

- dois, três dias é que fica pronto.

- tanto tempo?

- já viu como tem o carro?

- joder… . bufei – tudo bem, três dias no máximo e venho cá buscar!

- como a senhorita quiser! Mas sobre o pagamento fá-lo agora ou quando vier busca-lo?

- façamos o seguinte…mande o pagamento para esta morada. O responsável pelo pagamento não sou eu mas não se preocupe, tem a minha fiel palavra como essa pessoa pagará os prejuízos causados! – tirei o papel que tinha dentro do bolso, acabando por atirar para cima do capô. Reparei que o homem olhava atentamente para a morada que acabara de lhe dar.

Javier Costa Martinez
Rua baron de trovisquera, puerta nº 15
Múrcia


- e o que eu vou dizer para me dar o dinheiro?

- diga-lhe que tem de pagar os prejuízos que causou com a sua mota a um carro de uma rapariga! Ele lembrar-se-á logo do acontecimento. Me voy, um resto de uma boa tarde!

6 comentários:

  1. Olá!!!!
    Eu sou tão privilegiada :3 Eu mereço, eu mereço (mimas-me tanto que fico convencida! Culpa tua!!)
    Eu concordo com a Adriana! O que ela disse ao Javi (joder, ja estava a pensar Andres... grrrrr) foi muito forte. Ele nao merecia. Acho que ate ficou magoado, ja que nao se voltou a aproximar dela, bem pelo contrario, na cantina ate deu meia volta e saiu :/
    E esta Marisol? Eu nao gosto dela! E olha que eu tenho boas primeiras impressoes das pessoas! Estar sempre a recordar a Bela da sua adoçao? Para que?! Que mesquinha! (ja agora Bela é bonito, tambem é o diminutivo da minha mamã <3 ) E de certeza que tem é dor de cotovelo porque o Javi deu-lhe para trás. Sim, porque ja me confirmaste que namoraram e vendo a apresentaçao das personagens com a Marisol deve ter terminado depois daquele momento tragico na vida do Javi...
    E a Bela? Joder, ela vai mesmo fazê-lo? :o OMG adoro-a! Tao forte, tao... falta-me a palavra! Tipo ela é ousada, nao tem medo, faz as coisas a maneira dela, sem pensar muito! Adoro-a!
    E o Javi? O serviço comunitario nao é obrigatorio? E eu a pensar que ainda ia ser giro de se ver... E ainda vai, nao vai? Ele nao se safou...
    AMEI!!!! Gracias por me dares isto *o*

    Beso
    Ana Santos

    P.S. Avó, avô, OMG, isto é lindo de ler. Apesar de ser um bocadinho melancolico e nostalgico...

    P.S.2 - Sinto-me como alguem que tem um Ferrari e uma autoestrada de quilometros e quilometros so para si, quando entro neste blog! É uma comparaçao estupida, mas e o que sinto. Que isto é so meu! E teu claro que fizeste o Ferrari e a autoestrada xD

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  2. Olá

    Amei *_*


    Beijinhos


    Catarina

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  3. Ai esta fic é tão linda!!!
    Fico sempre tão "coisita" (olha não me lembro da palavra) sempre que leio ela a falar do avô e da avô...
    Este Javi está tramado. Ela não se esquece. E é tão enérgica! Adoro-a!
    Olha lá a Marisol vai atrapalhar a coisa não vai? Já começo a não gostar muito dela!
    Só faltava o Javi aparecer... Estes capítulos são sempre demasiado pequeninos. Leio isto num instante! E depois... oh queria mais!
    Beijinhos!

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  4. Olá!
    Peço imensa desculpa ter sido uma desleixada e deixar os últimos capítulos para trás..mas hoje coloquei a leitura em dia e valeu muito a pena!!
    Estão tão mas TÃO viciada na tua história!Adoro-a!
    A Bela tem uma personalidade fantástica!E a relação que tem com os avós é tão especial,apesar daquela priminha que tem a mania que é sabichona lol
    Riu imenso cada vez que ela e Javi passa algum tempo juntos,o facto de não se suportarem um ao outro (o que eu acho que vi mudar :P) tem tanta piada!
    Mal posso esperar para ver a reacção do Javi quando receber a continha do mecânico xD
    Quero o proximo!!
    Beijinhos
    Rita


    p.s-Adoro a forma como escreves!! :)

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  5. Hola!
    Cada vez estou mais apaixonada por esta história, principalmente pela Isabel! Ela tem tanta força, personalidade não lhe falta, garra, é mesmo o género de pessoa que eu admiro imenso. ADORO! Mas acho que está a ser demasiado mázinha com o Javi, pois está a julgá-lo sem o conhecer, espero que isso mude em breve. :b
    Agora aquela Marisol, apesar de não gostar muito dela, acho que se calhar tem os seu motivos para ser assim, tal como o André, o irmão do Javi da Never Forget Me, tinha. :b
    Estou para ver a reação do Javi quando vir a conta xD
    Beijo!

    Ass: Nini

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  6. Olá! :)
    Decidi ler esta história e a verdade é que estou a gostar bastante. Ver a discussão destes dois é de rir ahaha quero mais, beijinho ^^

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