sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Capitulo 1



(Isabel)

Verão, meu querido e tão aguardado verão! Ansiei todos estes meses do ano para que chegasse a altura do ano que mais gosto, onde não tenho de ir todos os dias para a minha enfadonha escola, que agora está em obras o que a torna ainda mais insuportável, não tenho de levar a toda a hora com o desagradável professor de psicologia que, fiquei desde o inicio do ano lectivo com um rótulo como a aluna mal comportada. Enfim… estou de férias, quero aproveitar bem, este vai ser o meu último ano a viver em Lisboa, e se tudo correr bem consigo fazer erasmus na universidade de Barcelona, em Enfermagem. Hoje é um dia decisivo para mim, o resultado das candidaturas saem e decidi liguei à Adriana para vir até a minha casa e assim víamos as colocações juntas, também ela vai concorrer para Barcelona.

- Olá paixão, o que vais fazer hoje à tarde? – Perguntei-lhe com o telefone na mão e a conduzir no meu opel Astra preto.

- Olá meu amor, eu hoje vou estar na casa dos meus avós, porquê?

- podíamos ir as duas à faculdade e ver a lista de colocações, que me dizes?

- É verdade, já me esquecia disso! Tá bom, eu vou ter contigo… tens algum sitio de preferência?

- anda ter à rotunda da estação, eu apanho-te aí e vamos para a faculdade!

- Por mim tudo bem! Daqui a hora e meia estou aí…ainda tenho de ir para o metro do cais…

- Óptimo. Olha vou ter de desligar, estou a conduzir no centro de Lisboa, não quero correr riscos de ter a minha noite estragada!

- Sempre a mesma, nunca aprendes não é?

- É o hábito linda!

- É, é! Olha, vou desligar, não quero ser a causadora da tua desgraça!

- Tá bom, até já Di!

- Até já! – aproveitei que estava perto da estação e como ainda tinha de esperar pela Di, fui até ao chiado e fiquei à procura de umas sapatilhas para puder correr, visto que as minhas já estavam a dever anos à cova. Regressei à estação e assim que a Adriana chegou fomos directas para a faculdade. Era um caos conduzir na baixa e comecei a achar que deveríamos ter optado pelo metro, sempre chegaríamos mais rápido. 



- merda! – praguejei enquanto mandava um murro ao placard

- então?

- não entrei! – bufei – isto não é justo! Todos entraram na primeira opção, porque tive de ser colocada logo nesta universidade?

- deixa-me ver…em qual ficaste?

- em Murcia!

- ficas comigo! Eu também não entrei em Barcelona…mas isso também não é bom? Assim ficas perto da tua família.

- oh…eu só pus Murcia porque a minha mãe me obrigou! – resmunguei – eu queria era mesmo Barcelona! Os meus avós sempre falaram tão bem daquela cidade, do encanto que tem…e eu adoro Barcelona! – decidi sair daquele lugar. Definitivamente, ver colegas meus a festejarem só me dava vontade de manda-los ao rio. Estava chateada, não queria ir para Múrcia. Universidade de Barcelona é das melhores do país e daria um enorme prestigio ao meu curriculum já para não falar no que iria aprender e no quanto adoro aquela cidade. Decidi tomar um café, não coloquei açúcar e deixei que aquele sabor amargo queimasse a minha garganta.



***

- já sabes o que vais levar? – a minha irmã quando queria, conseguia ser chata. Ter os seus quinze anos não era fácil e ter de a levar com a idade do armário era sem duvida digno de uma estatua – olha que dizem que Murcia no inverno é frio! E para além do mais chove muito!

- Inés, cala-te por favor… - respondi enquanto tentava procurar a minha mala – viste a minha mala preta?

- que mala?

- olha a mala que eu levo o cao! – praguejei enquanto corria todos os corredores à procura da mala mas sem efeito – porra, que eu saiba só tenho uma mala preta!

- eu é que vou saber? A mala é tua!

- se fosse para saber algo dos one direction ou do ken ambulante sabias tu onde estava!

- hei, não fales assim do Justin! – revirei os olhos. definitivamente a minha irmã era um caso perdido – sempre é mais bonito que aquele que tens colado na porta do teu quarto! 

- colo-te já à parede se pensas em comparar os The Script a esse Ken todo mamado!

- parva! Vou fazer queixas à mãe e dizer das vezes em que andas a sair à noite sem ela saber!

- aproveita e diz-lhe também que eu encontrei debaixo da tua cama um maço de tabaco!

- sabes que eu posso dizer que é teu! 

- o paco adora roer papel…será que também vai gostar de roer aquelas porcarias todas que estão coladas no teu quarto? Acho que vou experimentar antes de ir embora!

- estúpida, parva!!! Ainda bem que te vais embora! – disse enquanto me mandava com uma almofada à cabeça

- ainda vais chorar de saudades minhas…finalmente!! – gritei assim que encontrei o meu saco. Peguei nele e comecei a guardar toda a minha roupa. Seis meses fora de casa. Será que tudo o que levaria seria suficiente? Não podia levar muito mais…só o essencial e aquilo que eu sabia que me faria falta. Olhei à minha volta e vi o meu quarto completamente vazio…ia ter imensas saudades. Seria tudo por uma boa causa, eu sabia disso. Sabia que estes meses de Erasmus seria uma boa oportunidade para o meu sonho de um dia ser uma enfermeira obstetra de excelência e para tal tinha de lutar por isso. no fundo, estava feliz e só rezava para que Murcia fosse o palco de muitas felicidades e sonhos realizados…



***

- não te esqueças de ligares assim que chegares a Múrcia…tem cuidado de não andares ao sol, agasalha-te, não andes à chuva e come em condições!! – a minha redobrava-se em recomendações e cuidados. Era chato mas não a condenava…iria ter saudades de a ouvir sempre a resmungar sempre ao meu ouvido. Dela, do meu pai e da minha irmã que conseguia ser uma adolescente coalescente, Enfim…teria saudades da minha família mas sabia que em Múrcia também tinha a minha outra família. Nunca estaria sozinha. 

- não se preocupe, eu cuido de mim!

- Adriana, toma também atenção que ela por vezes é meia aluada!

- Dona Marina , não se preocupe! Tomamos muito bem da sua filhinha!

- vocês tomem é juízo, muito cuidado em andar nas ruas à noite e nada de bebedeiras!

Pedimos a todos os passageiros que têm voo como destino a Barcelona, por favor digiram-se para a porta numero quatro.

- é o nosso voo! – disse Adriana 

- bem…é esta a hora da despedida! – falei dirigida para a minha família. 

- esperamos por ti Isabel

- eu sei pai…eu também vos espero por Múrcia. Apareçam quando quiserem! Os avós adoram a casa cheia!

- depois combinamos um dia que dê para ir!

- Isabel, vamos! O resto do pessoal já está junto da porta…

- Adeus! Até a uma próxima! – despedidas nunca foram o meu forte. Odeio isso pelo facto se sentir sempre aquele aperto…as saudades da minha cidade, os meus amigos…enfim, de tudo!



***

- Ricardo, Ricardoooo!!!! – Adriana gritava que nem louca pela casa. Eu tentava comer uma torrada à pressa e beber o pouco café que ainda conseguia meter dentro da minha boca cheia – despacha-te! Estamos atrasados para a faculdade!

- hei, calma! – ele saiu da casa de banho e pegou na sua mochila

- o Renato, não vem?

- estou aqui! 

- vamos! Ainda temos um caminho de quinze minutos e dez para entrar na aula!

- pela hora portuguesa ainda estava na cama a esta hora! – resmungou Renato

- pois mas não estás em Portugal meu caro! – disse enquanto pegava na minha capa e na bolsa

- está tudo pronto?

- sim! – saímos do nosso apartamento a correr. Mal conhecíamos o caminho até à faculdade e mal apanhamos o autocarro fomos interceptados pela imensidão que aquele lugar tinha. Sem duvida que como primeiro dia de faculdade, as coisas já estavam a correr um pouco mal. Tínhamos acabado de chegar dez minutos atrasados para a primeira aula de saúde da mulher o que era um péssimo começo mas sem duvida que Múrcia não ficava nada atrás do porto no que se refere ao caos no transito. Aquela universidade era gigantesca e depois de nos separarmos dos rapazes que eram de fisioterapia, eu e a Adriana corríamos que nem loucas para chegar ao bloco A que mais parecia ficar do outro lado da cidade. Optamos por ir de elevador e quando me preparava para carregar no botão, sinto um encontrão. Acho que só não caí porque tinha ao meu lado um senhor que amparou a minha queda. Mesmo assim doía-me o braço. Apressei-me a virar-me para trás, quem quer que tivesse sido o anormal, iria ouvir.

- ouve lá mas tu não vês para onde andas? – resmunguei para um bando de quatro parvalhões que estavam na minha frente e que pouco estavam a dar importância ao facto de me terem empurrado. Só quando um deles é que se dignou a olhar-me e reparar na minha cara, é que deu um toque aos restantes amigos. A anormal que me tinha empurrado, tinha-se designado a olhar para trás

- perdon?

- perdon? – ironizei – e eu a achar que era lo siento que se dizia nesta terra! – ele riu-se – para a próxima vê se não te esqueces dos óculos em casa e tens mais cuidado!

- não sei do que falas!

- ai não? Que pena, parece que vou ter de elucidar essa memoria! – de facto, ele estava a irritar-me. Tinha ar de machão, convencido…o que só me estava a deixar ainda mais irritada. 

- precisas de ajuda? – todos os seus amigos tinham acabado de gargalhar com a tentativa de piada completamente falhada daquele anormal. 

- vamos embora…- pedia Adriana que estava ao meu lado, já envergonhada por aquela situação gerada

- claro Adriana, deixa-me só elucidar a memoria…parece que eles por aqui comem muito queijo! – falei enquanto empurrava brutamente aquele anormal. Ele precisou que um dos seus amigos o amparasse. Ele voltou a olhar-se com cara de poucos amigos 

- estás louca?!

- nao, tu é que não estavas a entender que tinhas acabado de me dar um empurrão! Apenas…elucidei a tua memória! - dito isto, virei costas e senti a Adriana a correr atrás de mim. Entramos na sala de aula e como era óbvio estávamos atrasadas. Sentamo-nos na última carteira e tentamos a todo custo que a professora ou mesmo algum aluno não desse conta da nossa presença. 

- o que foi aquilo?! – perguntava-me a Adriana

- estás a falar daqueles quatro parvalhões?

- Bela, tu não achas que exagerastes?

- desculpa? Já deves me conhecer o suficiente para saber que não tolero machismos e falta de respeito. Caramba, mas ele quer ser o quê? O rei dos machões? Que anormal… - o assunto ficou por ali mesmo ou não fosse a professora ter dado pela nossa presença e passamos pelo menos um bom quarto de hora a apresentar-nos à turma. Era uma turma bem mais pequena do que a minha do Porto mas eram bastante simpáticos e atenciosos, mesmo no final da aula prestaram logo ajuda caso precisássemos. 

- então, como correu a vossa primeira aula? – perguntava Renato que acabava de se sentar na nossa mesa, juntamente com Ricardo

- bem, temos uma turma que é bastante atenciosa! E a vossa?

- são todos porreiros! A maioria rapazes mas tudo boa onda!

- ainda bem! 

- estivemos a pensar e se fossemos jantar pela cidade? Podíamos conhecer mais daqui e aproveitar que agora no inicio ainda não temos imensos trabalhos e exames!

- por mim, é na boa! Mas conheces algum restaurante porreiro que possamos ir?

- um rapaz da nossa turma falou-nos que havia um bastante fixe, podíamos ir até lá!

- fica então combinado!

- alguém quer alguma coisa do bar? Acho que vou comprar uma garrafa de agua antes de ir para a aula… - informou-nos a Adriana

- obrigada mas não quero nada!

- nem eu!

- ok, volto já!



(Adriana)

Levantei-me e fui até ao bar. Não sabia até onde ir mas depois consegui descobrir onde ficava a zona das bebidas. Peguei numa garrafa de agua e fui até à zona dos chocolates, até porque tenho o enorme vicio de comer sempre um durante as aulas. Estava a tentar tirar um mas como sou baixinha eu não chegava à prateleira de cima.

- precisas de ajuda? – uma voz sobressaltou-se. Apresso-me a virar para trás e deparo-me com um rapaz que me olhava atentamente

- ah…por acaso…até precisava – falei um pouco incomodada – eu não chego à prateleira de cima!

- claro, qual é que queres?

- o azul! – ele tirou o chocolate e deu-me para as mãos. Sorri-lhe em forma de agradecimento e ele sorriu-me de volta – gracias!

- não precisas de agradecer…fica como um modo de desculpas!

- desculpas?

- sim…tu não és aquela rapariga que há pouco estava junto dos elevadores? Acho que foi com a tua amiga que o meu grupo de amigos sem querer se esbarrou nela.

- ah, estou lembrada! 

- pois, eu queria desculpar-me! Sei que deveríamos ter mais atenção e podíamos ter magoado a tua amiga, ela ficou mesmo zangada…

- isso? oh esquece! Não é nada…vale, vocês deveriam ter mais cuidado mas ela também ferve em pouca agua, por isso é que teve aquela atitude compulsiva! Mas…gracias. É muito atencioso da tua parte pedires desculpas quando tu nem fizestes nada! – ele sorriu-me docemente

- é o meu dever, não gosto de atritos!

- mais uma vez, muchas gracias! Bem…tenho de ir, tenho aula agora!

- claro…

- Adeus! – estava prestes a virar-me para trás quando ele impede 

- espera! – eu olhei-o – posso pelo menos saber…o teu nome?

- oh, lo siento, claro! Chamo-me Adriana! E tu?

- Hola Adriana, eu chamo-me Eduardo!

- prazer Eduardo – respondi educadamente

- prazer é meu Adriana! – voltei a sorrir-lhe. 

- ok, tenho mesmo de ir! – respondi assim que ouvi a campainha tocar

- tudo bem…Adeus! – eu acenei-lhe e sai da beira dele. precisei de correr para me juntar ao resto do pessoal que já me esperavam desesperadamente. A próxima aula, teríamos todos juntos. Mesmo enfermagem e fisioterapia. Farmacologia, uma cadeira que tínhamos em comum. Era no auditório e assim que lá chegamos a maioria das cadeiras já estavam ocupadas. Só nos restava uma fila que ficava perto da porta de saída. Sentamo-nos todos lá mas mal me sentei, senti a Isabel a praguejar

- o que foi?

- parece impossível! Não acredito que estes parvalhões também estão aqui! – olhei para trás e pude entender aquela raiva toda afinal…o rapaz que havia empurrado estava ali. Engraçado, não vi o Eduardo…talvez ele não andasse com eles no mesmo curso. 

- acho que eles são de fisioterapia… pelo menos andam com as camisolas iguais à do Ricardo e do Renato

- por mim até podiam ser empregados de limpeza, quero lá saber! – Barafustou. A professora tinha entrado na sala e ficamos atentos à aula. Correu bem, pelo menos da minha parte mas chegou a uma altura em que a Isabel se levantou e como era de esperar, os rapazes ao qual ela estava de “ponta” deram pela sua presença e a partir daí, eu só rezei para que a aula chegasse ao fim, o mais depressa possível.


4 comentários:

  1. Olá

    Gostei muito da Isabel e quero muito ler se vai acontecer alguma coisa mais entre ela e esse grupo de rapazes :)
    Na minha opinião esta fic vai valer muito a pena ficar de olhos presos no ecrã :)
    Tudo o que escreves é maravilhoso por isso não é de admirar *_*


    PRÓXIMO !


    Beijinhos


    Catarina

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  2. Olá !
    Gostei imenso!
    Acho que esta fic vai dar que falar :P especialmente devido à Isabel.
    Gosto do tipo de rapariga que ela é,então quando dá aquelas resposta como quando o tal grupo de rapazes se esbarrou nela xD
    Fico à espera do proximo!
    Beijinhos
    Rita

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  3. Para quando o próximo?
    Estou a AMAR! Opá! Esta história... Ainda agora li o primeiro capítulo e já estou completamente rendida. Já deu para ver que vai dar uma excelente história e eu estou em pulgas para ler os próximos capítulos. Adoro a Isabel! Sou fã!!!
    Continua e livra-te de parar!
    Besos

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  4. Eu ja tinha comentado este capitulo... Agora o primeiro comentario desta historia ja nao é meu :'( Vou deprimir ! (estava mesmo a precisar de dramatizar um bocadinho e de embirrar contigo!)
    Tchiiiii e a Isabel vai mostrar do que é capaz! Nao reli o cap, olhei-o rapidamente e lembrei-me logo de tudo. Ui que esta momento ate vai queimar ;) (muahahahah as minhas piadas tematicas xD)
    Vá, espero o proximo. Mentira, o que eu espero é mesmo o proximo ao que ja li ;)

    Besito
    Ana Santos

    P.S. No digas nada por favooooor. Puta madre que musica linda!

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